domingo, 30 de novembro de 2008

Eventualidade abstracta

Grande título, não sei se notastes; acho piada a estas expressões, que dão um ar entendido mas que não dizem nada.

Aquilo de que eu queria falar podia ter um outro letreiro:
Área de Projecto - aproveitamento vs desperdício.

Todos os escribas deste blogue sofrem desta disciplina, a chamada Área de Projecto.
O que vem a ser isto? Uma "disciplina" (que conta tanto como os 3 anos de Português com exame) criada para preparar os jovens estudantes do 12º ano para saberem, não só, trabalhar em grupo, como também apresentar ideias a um público.
Muito bem (ou muito mal). Mas muito bem, porque há uma considerável percentagem de jovens finalistas que nunca leu mais do que os 4 livros impostos pelos docentes, e não faz ideia de como se há de apresentar uma papelada a uma turba, não me enganei, turba. É de facto boa ideia esta "disciplina" existir por causa disso mesmo.
Fora isso, Área de Projecto serve também para promulgar assuntos a outras pessoas.
É claro e evidente que pode ser óptimo divulgar assuntos a outras pessoas: se o assunto valer a pena. Se o assunto for uma estopada sem ponta de interesse (que acontece frequentemente, mas depois o giro é fazer inquéritos e ter power points com fundos giros, e o camandro) não vale a pena. Se o assunto for, de facto relevante, e se chamar a atenção para problemas realmente interessantes, aí acho que vale a pena. O grande problema acontece quando o assunto pode alertar para problemas, de verdade, importantes, mas que depois são uma chatice de primeira apanha, tanto para quem ouve como para quem faz.
Um outro grande problema de Área de Projecto é aqueles grupos, que até podem ter um tema fixe (também podem não ter), esse tema até pode ser importante ( ou nem isso), mas que não fazem nada. Há uns que propõem coisas que já sabem à partida que não vão fazer, há outros que nem se predispõem a fazer nada, e ninguém fica a ganhar nada com um ano de trabalho (ou não) de 4 gajos.
"Um deficiente em Lisboa". É um tema importante, e actual, e que vale a pena apostar, e que promete, e... uma maçada atroz. É infelizmente o tema do grupo em que estou inserido.
Área de Projecto deveria servir sobretudo, penso, para aumentar a própria cultura, isto é, para enriquecer o meu próprio conhecimento; se faço um trabalho que me dura todo um ano, posso aprender e ganhar muita informação com ele, seja de que tema for. Depois de me interessar e enriquecer a mim mesmo, depois então posso expor isso aos outros. Acho que só assim tudo isto faz sentido. Peço-vos de digais o que achais disto.

11 comentários:

Sofia disse...

Caro Escravo do Dó Ré Mi, quero começar por fazer uma pequena correcção: Área de Projecto não é uma "disciplina", é, segundo "eles", uma "área curricular não disciplinar" que, mais palavra menos palavra vai dar à mesma coisa porque além de sermos obrigados a fazer a tal "disciplina", são-nos marcadas faltas e no final do ano brindam-nos uma notita na pauta. Eu sou, vá, contra esta treta da Área de Projecto no 12ºano. Tive 4 anos no básico e já me chegou. Mas sim, confesso que é importante isto de os jovens trabalharem em grupo e apresentarem as coisinhas e "saberem lançar-se no mercado de trabalho" (como diz a minha prof de AP) porém, lá está, concordo contigo quando dizes que o grupo e o tema são essenciais.
Falo no meu caso: consegui formar um grupo com os elementos que queria, embora saiba que há um (neste caso uma) que não faz literalmente nada (quer dizer, faz, manda mensagens nas aulas), no entanto posso dizer que somos um bom grupo, em comparação com outro em que estão reunidos "os mais preguiçosos", que passam as aulas a fazer nenhum. O que me "faz chatear" e resmungar tanto com eles, é que têm um tema que até pode ser produtivo, mas não lutam por isso.
O Tema - esse é o principal problema da "área curricular não disciplinar". Primeiro que se escolha um tema... Desde criar uma discoteca alternativa, organizar uma eurotrip, fazer um filme sobre profissões... chegamos ao ponto de querer fazer um "Anti-Projecto", onde o objectivo mais relevante era criticar a "disciplina" (mas a censura não permitiu). Acabamos por optar por "Consulados e Embaixadas", que foi uma luzinha que se me deu à última da hora e que a prof gostou.
Passadas algumas semanas, devo dizer que até foi um tema bem escolhido porque nos tem aberto novas portas para futuros contactos e tem vindo, aos poucos e poucos, a tornar-se em algo minimamente interessante.
Uma coisa que me faz confusão em Área de Projecto são os relatórios. Eu posso dizer que tenho sorte porque a minha professora só os pede esporadicamente, quando vamos a algum lado ou assim, mas, por exemplo, na turma da criatura adorável chamada Benjamim Natura é um exagero! Eles fazem relatórios a todo o instante, tem de pôr as horas em que fazem as coisas e tudo. Até chego a ficar com pena deles. Enfim... há professores e professores.

Outra coisa com que eu não concordo, e agora já não tendo a ver com Área de Projecto mas com as disciplinas de 12º em geral, é sermos obrigados a ter Educação Física. Deveria ser facultativo. Ninguém é obrigado a ter jeito para mexer com bolas, correr e coisas do género! E o pior é que conta para a média! Acho que daqui a uns anos, quando formos a uma entrevista de emprego não nos vão perguntar por regras de futebol! Uma pessoa já anda a pé, já está a fazer exercício. Se precisar de mais inscreve-se num ginásio ou coisa do género.
Pronto, foi um aparte estúpido, peço desculpa.
(Benjamim Natura, pára de te rir. Já sei que nesta altura estás a gozar comigo)

Escravo do Dó Ré Mi disse...

Mon cherie Phi Minguante:
Em todas as vezes que empreguei a palavra "Disciplina" foi entre aspas (salvo erro, que houve), para justificar exactamente isso a que aludiste.

Quanto à Educação Física:

A vida é dura. Também não o é, mas também o é.
De acordo com o que estás a dizer, na área em que estou (a área Nerd), não devia ser obrigado a ter Português, muito menos Filosofia. Não tenho que ter obrigação de ser criativo, de saber escrever; escolhi esta área porque gosto de Ciências. Se escolhi aquela área não deveria ter disciplinas que não lhe pertencem.
Não tenho jeito nenhum para interpretar um texto. Eh pá, mas tenho que ter esta disciplina.
Ao eliminar-se Ed. Física abrir-se-iam portas para eliminar muita coisa.
Uma pessoa não tem que ter jeito para tudo e não tem que saber tudo quando arranja um emprego, mas tem que conhecer os mínimos.
Era óptimo podermos escolher as disciplinas que quiséssemos. Na Alemanha é assim (na faculdade; depois fica "licenciados" num pouco de tudo).
Ed. Física existe para impedir que pessoas que não se mexem nem querem mexer fiquem mortas fisicamente. Corpo São, Mente Sã. faz sentido.

PS - gosto imenso de Português, Filosofia e de textos.

Escravo do Dó Ré Mi disse...

Depende dos textos.

Sapatinho disse...

Em relação à ap, concordo plenamente contigo meu escravo, aquilo é completamente confuso. Ainda na quinta feira estava a ir para a escola e a pensar porque é que tinha de ir à aula de ap, só para marcar presença? No fundo todas as minhas aulas são chegar à sala para a professora ver que estou vivo e depois basar com o grupo ou sem o grupo. Por acaso o meu tema até é interessante mas ao mesmo tempo é difícil de trabalhar nele na escola. O meu projecto vai ter computadores e sensores e não convém andar com aquela tralha toda para a escola. Outra coisa é a maneira como vamos ser avaliados no primeiro período. Eu não tenho que escrever nenhum relatório no fim das aulas,em vez disso a minha professora pediu me para escrever um diário. Uau, yes... Todos os dias em que tenho aula tenho que escrever o que fiz na aula no meu querido diário. Por exemplo: Querido diário, hoje na aula estivemos na biblioteca a ver vídeos no youtube e mais tarde fomos fazer um jogo de sueca pois o nosso trabalho está em casa do Afonso e não podemos fazer nada durante as aulas. Eu até acho gira a ideia da "disciplina" só que não percebo o que é que se deve fazer nas aulas,eu achop que as aulas de ap não deviam ser obrigatórias.
E agora com este regime de faltas, faltamos a ap varias vezes e depois a professora aparece na aula com um exame! Epa, não me estou a imaginar a fazer um exame sobre como jogar a sueca.

Em relação as aulas de ed física. Essas aulas cada vez me irritam mais. Agora como também contam para a media, os meus professores parecem doutores com a mania do corpo humano e do bem estar. Que ódio, eu pratico ténis portanto não há nenhuma maneira de ficar parado no sofá o dia todo, e mais, imaginem agora que eu sou um dos melhores do pais no meu desporto e chego à escola e o "doutor" diz nos para irmos fazer desportos de combate onde as condições não são as melhores e acabo a aula com um pé torcido. BRUTAL, agora já não posso ir aos nacionais ou algo do género.

Sofia disse...

Diário de bordo! Eis um ponto que me tinha esquecido de referir. Supostamente, os grupos teriam de apresentar um diário de projecto todas as aulas, mas é claro que ninguém se dá ao trabalho de fazer isso. Quanto muito, tentamos lembrar-nos do que fizemos para pôr-mos no meio do dossier, senão, escrevemos "palha" lá para o meio para dar a entender que um trabalho pequenino rendeu imenso.
O Sapatinho falou duma coisa que, por acaso, nunca me tinha lembrado. Se por causa do novo regime de falta tivermos de fazer o tal exame, em que é que este vai consistir? Vão fazer-nos perguntas sobre o que já fizemos até agora? (Amanhã vou perguntar à minha prof).

Voltando às "minhas queridas" aulas de Educação Física.
Eu sei que tenho de te dar razão, Escravo do Dó Ré Mi. Ao eliminarem Ed.Física teriam de deixar eliminar outras tantas, porque nem toda a gente tem jeito para tudo. Mas quando se tem boas notas na maioria das disciplinas e depois vimos uma mais fraquita a Ed.Física ficamos um bocado frustrados (eu fico). Por exemplo, em alguns colégios cá do Porto, "direccionados" para quem quer ir para Medicina, eles dão 18 e 19 sem se fazer praticamente nada, só para não estragarem a média. São políticas da escola, paciência.
Concordo como Sapatinho quando ele diz que agora os "professores parecem doutores com a mania do corpo humano e do bem estar". Parecem mesmo! Até irrita! Experimentem juntar uma turma de Línguas e Literaturas com uma de Desporto numa aula de Educação Física... E depois o professor quer comparar-nos. Pensa que somos todos atletas (jogadores de futebol como ele gosta)!

Benjamim Natura disse...

Ora bem, o meu projecto de AP tá a ser altamente - ando por Matosinhos a visitar museus e teatros e bibliotecas e falar com gente para recolher informações para um guia de Matosinhos (que é o nosso projecto).

A papelada, ora bem, acho que há coisas inúteis e desnecessárias, e coisas inúteis mas necessárias.
Querido sapatinho, se não tens nada para fazer nas aulas, o que estás lá a fazer - supostamente, em AP, uma pessoa tem uma coisa chamada "Trabalho de Campo", onde não se tem que estar nas aulas - eu nunca estou! O diário é uma coisa inútil, mas necessária, precisamente para que os alunos se vejam obrigados a fazer alguma coisa, a não jogar à sueca e ver vídeos no youtube. A minha prof exagera - há planeamentos semanais individuais; relatórios mensais individuais; relatórios diários de grupo; realtórios diários individuais no caso de trabalho de campo - mas admito, todos eles me obrigam a ir ao museu, em vez de ir ao café; a organizar o que recolhi, em vez de andar a jogar à sueca... São completamente inúteis, sem dúvida, mas necessários.
As inúteis desnecessárias são essas palhadas do anteprojecto e da calendarização e da justificação do tema - isso, sim, é completamente inútil, desnecessário, porque nos pedem para sermos o Doutor Karamba dos classificados do JN e descobrir o que vamos fazer no futuro e quanto tempo vai demorar. E o pior de tudo foi o estabelecimento dos objectivos, coisa mais ridícula - "o meu objectivo é fazer um guia" - ah e tal não pode ser, tem que ser assim (e a começar por um verbo, a não esquecer) - "Iventariar as potencialidades turísticas das várias áreas de interesse de Matosinhos; "Promover o turismo no espaço matosinhense".
Tive muitas discussões com a prof, sobre isto.
O grupo, isso é que me lixa, porra - eu já tou a fazer cenas, a recolher informações, a esmifrar-me todo, e eles (aliás, elas, são só gajas, que só pensam no voleibol e no telemóvel e na cor das unhas) estão na sala de aula a engonhar. O que elas fizerem mal vai contar para a minha nota - e ainda se queixam os professores que é estúpido, na sua avaliação, contar o sucesso dos alunos - aqui vai-se passar o mesmo!!!!!!!!!!

Quanto à educação física, para já, não deveria te esse nome: deveria ser "Actividades desportivas" - uma coisa é cultivar o corpo, ensinar a cuidar dele, os exercícios para o manter saudável, mas quem faz isso em ef? NINGUÉM!
Nós andamos para lá a jogar joguinhos mal jogados e à martelada - ele é futebol! ele é basquet! ele é andebol! ele é volei! - e a educação física, onde está?
Uma coisa é certa, os senhores doutores da bola pescam menos de educação física do que eu, porque nos metem a brincar aos desportos em vez de nos educar fisicamente.

Se não contasse para a média, é certo, ninguém faria nada. A questão é a seguinte - o que conta mais: o esforço ou o ter jeitinho? É que, enquanto que nas outras disciplinas, vá, mentais, com esforço e estudo chega-se lá, em educação física, há tendências físicas que são imutáveis. Só o esforço deveria ser contabilizado, em educação física.

Tenho dito...

Sofia disse...

Oh, mon petit Escravo do Dó Ré Mi, a minha javardice é muito limitada, é uma vergonha.

Escravo do Dó Ré Mi disse...

Pre Scriptum: Limitada? Fogo!...

Para já, gostava de dizer que me aborrece, vá, ter que escrever um código obtuso de cada vez que quero comentar. desta vez é "ingneud". Se, como me disseram, serve para não entrarem hackers por códigos aqui, mas sim pessoas com olhos, não percebo por que é que as letras vêm tortas. Mando os gaijos que inventaram isto À FAVA!

Será que vale a pena fazer um trabalho só para sensibilizar as pessoas acerca de determinado problema? Porque já todos sabemos que não vamos mudar Lisboa para os deficientes. Ou o trabalho é só para ter 19? Nesse caso são uns abutres, hienas, corruptos de merda. Ou é para ajudar os deficientes, muito bem, mas então não tem um nada ( com C grande e com o "alho" bem definido) a ver com o tema?
Dass, maldita disciplina, ou a rameira de nome que ela tem. Há corrupção (apodrecimento) até no 12º ano. Pode ser em ponto pequeno, mas não deixa de ser corrupcção.
Dass, maldita disciplina!

Sofia disse...

Devo considerar esse Pre Scriptum como um insulto ou elogio?

Sofia disse...

Ou nenhum dos dois? (que é o mais provável)

Homem das Taças disse...

Ora muitas felicidades pó povo que cá está! Os intervenientes bloguistas deste blog não devem conhecer-me (à excepção de 2, eu deixo dizer que me conhecem para ficarem contentes). Sou o... FULANO!!!
Agora a sério, como irreverente parceiro do senhor Benjamim na elaboração do também irreverente guia de Matosinhos, devo mesmo afirmar que Área de Projecto, enquanto disciplina, é uma valente bosta! E digo a razão.
Para além da papelada já mencionada, que consome mais horas de trabalho do que sei lá o quê, também somos forçados a realizar pesquisas de modo a enriquecer o nosso portfólio de projecto pois, segundo as palavras da nossa iluminada professora, "A quantidade conta", como elemento fundamental na possibilidade de avaliação dos alunos. Ainda para mais, devo escrever uma frase pequerrucha (ao menos isso) a justificar a razão pela qual eu escolhi a informação demonstrada e o seu relevo para o projecto... (se a prof não tem paciência para ler isso é com ela, ao menos dava mais tempo para fazer isto... diz que quer levar já esta quarta os ports e os dossiers para trazer na última semana... suspeito ser diarreia xD não, é uma questão de não querer ler os artigos lá incluídos durante as férias de Natal...). É verdade, mas os alunos vão ter de trabalhar durante as mesmas vacaciones para adiantar trabalho para essa besta que atribui as notas!
Pronto, 'tá feito o comunicado e quem quiser que responda!